Na noite deste domingo (16), aconteceu o primeiro debate presidencial do segundo turno, na TV Bandeirantes. Durante uma hora, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tiveram um embate direto e, no restante do tempo, responderam perguntas de jornalistas.
O tom do debate, em geral, foi pouco de propostas e mais de exaltação de medidas tomadas por cada um dos candidatos ao longos dos respectivos governos.
No primeiro bloco, Lula foi dominante. Puxou temas ligados à educação e inclusão de classes sociais mais baixas na sociedade brasileiras, além da pandemia da covid-19, enquanto Bolsonaro teve dificuldades de se posicionar sobre esses assuntos.
Nas perguntas de jornalistas, com maior foco em temas ligados à democracia, ambos candidatos fugiram de respostas diretas e aproveitaram para fazer ataques diretos um contra o outro.
No terceiro bloco, com a volta do embate direto, Jair Bolsonaro soube monopolizar o tema ao falar sobre a corrupção, com foco na Petrobras. O petista equalizou mal o tempo, o que fez com que o presidente tivesse cinco minutos para falar sem interrupções. O que poderia ser uma vantagem para Bolsonaro, no entanto, se transformou em uma “live” feita pelo presidente nas redes sociais: focou em temas como Nicarágua e Venezuela, assuntos sobre os quais parte relevante dos eleitores não têm interesse.
Nas considerações finais, Bolsonaro também optou por rezar para convertidos. Falou sobre “ideologia de gênero”, armas e o combate a um falso comunismo. Lula foi pela mesma estratégia, usando assuntos de interesse do eleitor que votou no petista no primeiro turno, e repetiu temas ligados a inclusão de pessoas pobres por meio de programas sociais e ampliar o acesso à educação.
O tema mais esperado do dia era acusação de pedofilia contra Jair Bolsonaro, após uma entrevista em que o presidente disse que “pintou um clima” com meninas venezuelanas menores de idade. Diferentemente do previsto por muitos, não foi Lula quem tocou no assunto, senão o próprio presidente, que se defendeu e disse ser vítima de notícias falsas. O petista optou por um usar um broche que simboliza o combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, sem comentar o assunto de forma direta. O ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral, impediu a campanha petista de usar a gravação.
Ao longo do debate, outro tema que apareceu foi a questão dos moradores de favelas. Enquanto Bolsonaro tentou associar Lula a criminosos e citou a visita feita pelo petista no Complexo do Alemão, o petista se preocupou em desassociar os moradores de áreas periféricas do crime organizado.
De forma geral, Lula foi melhor ao falar de propostas concretas para o país e sobre a gestão da pandemia. Bolsonaro levou vantagem ao acusar o petista de crimes ligados à corrupção e com isso acabou emplacando o debate sendo favorecido no resultado final. Saindo com uma pontuação máxima e surpreendendo no convencimento ao voto.