A Secretaria de Saúde do Estado disse que a fila de espera por cirurgias vasculares se formou pela falta de interesse do setor privado na realização de contrato para cirurgias eletivas. De acordo com a coordenadora de Regulação de Saúde, Renata Nascimento, a secretaria passou 12 meses em chamamento público, à procura de “prestadores privados” que se interessassem pelo serviço, mas não obteve sucesso. A TRIBUNA mostrou na edição da última sexta que a fila por cirurgias dobrou no Estado e que um paciente idoso morreu à espera de atendimento.
Renata Nascimento afirma que o Estado ainda ofereceu valores diferenciados, acima do proposto pelo Ministério da Saúde, no chamamento, mas não teve adesão de profissionais. “O estado do Rio Grande do Norte se propõe a pagar valores superiores ao que o Ministério da Saúde envia e mesmo assim eles acham baixo”, disse. De acordo com ela, esse é um investimento do Estado “tirando o orçamento geral”. “Mesmo assim com essa tabela diferenciada a gente não consegue sensibilizar, de forma suficiente para a área da vascular”, completa.
Ainda é plano da secretaria retornar com os chamamentos como uma tentativa de buscar colaboradores fora da rede pública. “Muito em breve voltaremos a fazer chamadas públicas nesse sentido”, afirma Renata. De acordo com ela, o problema acontece em outros estados. “Existe semelhanças em relação a filas. Com certeza, até porque nós temos estados que nem têm tabela diferenciada”, comentou.
Já a secretária-adjunta Lyane Ramalho aponta a falha de todo um sistema, desde a atenção básica até casos cirúrgicos e, posteriormente, clínicos. De acordo com ela, a amputação é só a ponta do iceberg. Segundo ela, é um problema que envolve os três níveis de atenção, onde um depende do outro para acontecer. A secretária explica que o cuidado com a pessoa diabética precisa acontecer, a partir da atenção básica.
De acordo com a secretaria, este é um problema de saúde nacional, que afeta não somente o Rio Grande do Norte e que o Estado está em um força-tarefa para resolver. “Já estamos em um força-tarefa, há mais ou menos 30 dias, na reestruturação dessa linha de cuidado, de forma a aumentar a produção das cirurgias”, afirmou.
Ainda de acordo com a coordenadora, Renata Nascimento, dentre outros fatores, este é um problema agravado pelo baixo poder aquisitivo da população. “É uma demanda que se agravou muito com a redução do poder aquisitivo da população, que diminuiu a qualidade de sua nutrição e expôs cada vez mais a esse adoecimento”, comentou. A aposta do Governo é o lançamento de uma plataforma reguladora, que deve acompanhar o estado dos pacientes desde a atenção básica até estados graves.
Embora o problema tenha se agravado durante meses e a fila tenha chegado nas dimensões atuais, a secretária-adjunta, Lyane Ramalho, afirmou que a plataforma não teria sido desenvolvida anteriormente, devido a outras prioridades. “Existem, também, outras prioridades. Vocês também devem acompanhar. Surgiu o Regula Covid, o regula leitos gerais, agora o regula ambulatorial. A gente tem uma série de outros sistemas sendo desenvolvidos em paralelo”, explica. Segundo ela, o problema das filas é nacional e não só do RN.
Conforme divulgado, o Regula Vascular é uma plataforma que acompanha o estado do paciente, bem como o controle e classificação deles. O desenvolvimento da ferramenta, além de organização e agilidade, servirá para proporcionar mais transparência à população a cerca dos procedimentos e quantidade de pessoas em filas de espera. A plataforma deve ser apresentada na próxima semana.