O presidente Lula avalizou e o Exército irá fechar a compra de 36 veículos blindados de combate obuseiros da empresa israelense Elbit Systems.
O resultado da licitação foi anunciado nesta semana e o valor da compra pode chegar perto de R$ 1 bilhão.
Após o anúncio do resultado, Lula, segundo fontes militares e do governo, avalizou a compra, a despeito da oposição de setores do PT e do governo a ela. Na conversa, o presidente teria sido alertado de que o processo licitatório foi rigoroso e que venceu a que ofereceu melhores condições, preços e tecnologia. O presidente teria pedido apenas para que a lei fosse seguida.
O partido criticou a possibilidade de que a empresa israelense fechasse o negócio e afirmou que a decisão final da compra só sairia após uma avaliação política do Palácio do Planalto e do Itamaraty.
O principal incômodo é com o fato de o governo de Israel ter declarado Lula persona non grata após declarações do presidente comparando a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto.
Setores do PT defendiam nos bastidores que a empresa chinesa Norinco fosse a escolhida. O partido tem estreitado relações com a China. Em abril, uma ampla delegação do partido visitou o país e enalteceu a relação bilateral. Em 2023, Lula e ministros foram recebidos com pompa em uma longa visita ao país.
Além da empresa israelense e chinesa, entraram na lista final a chinesa, a francesa Nexter e a tcheca Excalibur
Agora, o Exército aguarda o final da fase recursal, que terminou nesta sexta. Apenas a empresa francesa apresentou um recurso, segundo fontes militares.
Na sequência, o processo final será aprovado pelo jurídico da força e aí sim será assinado o Contrato de entrega do Lote de Amostra.
Esse processo deve demorar um mês. A partir daí, a Elbit terá 12 meses para entregar duas unidades para os testes das avaliações técnica e operacional que devem durar até seis meses. Caso ocorra a aprovação nos testes, o resultado da licitação será homologado e a empresa será convocada para assinar o contrato.
A Elbit Systems acredita que a seleção do sistema Atmos representa um “marco significativo na parceria com o Brasil”, construída há décadas por meio das empresas AEL Sistemas e Ares Aeroespacial e Defesa.
Segundo nota enviada pela empresa, a proposta prevê integração e montagem final no país, “aproveitando as estruturas de logística e produção implementadas pelo grupo e em colaboração com alguns potenciais parceiros nacionais a serem definidos em conjunto com o Exército Brasileiro”.
Entre os possíveis parceiros nacionais, estão a Atech (Embraer), Agrale, RF COM Sistemas, Imbel, CSD Defense Components & Systems, além do Senai-RJ e do Arsenal de Guerra de São Paulo.
A companhia acredita que serão gerados no Brasil entre 200 e 400 novos postos de trabalho diretos e de 400 a 700 indiretos, e que o contrato trará um impacto positivo com a transferência de tecnologia de ponta para a base industrial de defesa brasileira. Nos últimos 23 anos, o grupo investiu mais de 50 milhões de dólares e hoje conta com mais de 560 funcionários no Brasil.