Os postos de combustíveis de Natal voltaram a elevar os preços nesta primeira semana de maio, chegando a R$ 6,59 o litro da gasolina em boa parte dos estabelecimentos e a R$ 5,29 o etanol. A atualização dos valores ainda estava em andamento nesta segunda-feira (6) em alguns dos postos. A medida não segue nenhuma grande alteração nas refinarias ou fatores externos que possam ter influenciado.
A elevação nos postos acontece após uma breve redução dos preços promovida por eles próprios nas últimas semanas. “Eu percebi que está cerca de 30 centavos mais cara a gasolina nos últimos dias. Isso interfere no planejamento das contas no mês porque eu uso a minha moto para o trabalho e a gente sabe que o salário não acompanha essas mudanças”, comentava o mobilizador social, Francimário Gomes, ao abastecer em um posto de combustível na zona Leste da capital.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Rio Grande do Norte (Sindipostos/RN) não se posiciona sobre os preços praticados pelos empreendedores do setor, mas o presidente da entidade, Maxsuel Flor, faz uma observação particular sobre o comportamento do mercado no último mês. “O que eu observo é que, desde meados do mês passado houve algumas reduções pontuais por parte de alguns revendedores que foram baixando seus preços e por iniciativa própria mesmo, uma vez que não tivemos redução das distribuidoras nem das refinarias”, conta.
Maxsuel explica que isso pode ter ocorrido como estratégia das empresas do ramo para atrair consumidores. “Penso eu que foi na tentativa de aquecer as vendas, de tentar bater suas metas junto às distribuidoras também, no caso desses postos que têm bandeira. Com isso, na virada do mês, a gente percebeu, de fato, que teve uma readequação com alguns postos voltando a praticar os preços que estavam em vigor antes dessa redução”, relata.
No seu último levantamento semanal finalizado sábado passado (4), quando parte dos postos ainda não tinham modificado as tabelas, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) identificou que Natal estava com o terceiro menor preço médio da gasolina entre as capitais, sendo também o terceiro menor das nordestinas. O preço médio ficou em R$ 5,59 para o litro da gasolina, variando de R$ 5,39 a R$ 5,99 e de R$ 4,34 (de R$ 3,89 a R$ 5,19) para o etanol nos postos pesquisados.
Esses estabelecimentos são abastecidos pela refinaria potiguar Clara Camarão, da 3R Petroleum, ou por refinarias da Petrobras nos estados vizinhos. No Rio Grande do Norte, a 3R Petroleum segue o mercado internacional e, no mês passado, promoveu três acréscimos consecutivos para o litro da gasolina tipo A, gerando uma diferença de 23 centavos em comparação com a última semana de março. Na última atualização em 1º de maio, o preço da Gasolina A ficou estável mantendo-se em R$ 3,48 sendo que, em 4 de abril, custava R$ 3,35. Neste caso, considerando a passagem do mês, a diferença fica em 13 centavos.
A 3R informou que necessita importar gasolina, de forma a não desabastecer os postos do Estado, uma vez que a Refinaria Clara Camarão não detém capacidade para produzi-la. “Assim, a Companhia o adquire no mercado ao preço de referência internacional, que é sensível a flutuações do dólar, a variações do Brent e a custos logísticos incidentes até a chegada do produto aos postos. Portanto, o preço encontrado pelo consumidor nas bombas reflete toda uma cadeia de produção inescapavelmente conectada às cadeias globais de valor em que a Companhia está inserida”, informou.
O terminal da Petrobras mais próximo do Rio Grande do Norte está em Cabedelo, na Paraíba. De acordo com a última atualização na tabela em 1º de abril, a Petrobras está comercializando a Gasolina pelo valor de R$ 2,70, ou seja, uma diferença de R$ 0,78 em comparação com a 3R.
Neste ano, em todo o país, os preços dos combustíveis estão praticamente estáveis, reflexo da nova política da Petrobras que, há um ano, vem realizando ajustes pontuais com os clientes, dependendo do mercado. A estatal é responsável por 80% do mercado nacional e o último reajuste linear que fez em relação à gasolina foi em 21 de outubro do ano passado, e do diesel, em 27 de dezembro. Por essa razão, em relação ao mercado internacional que a companhia deixou de usar como referência, os preços nas suas refinarias registram defasagem de 18% e 7%, respectivamente.