A agenda intensa de entrevistas do presidente Lula (PT) foi montada com objetivo de promover os feitos do governo e até gerou efeitos iniciais positivos, mas a avaliação é que as falas polêmicas sobre mercado e Banco Central começaram a atrapalhar.
Em pouco mais de duas semanas, Lula deu nove entrevistas ao vivo. Isso é o triplo dos seis meses anteriores, quando ele deu apenas três entrevistas, excluindo declarações pontuais à imprensa e cafés com jornalistas.
Com atenção especial a rádios locais, o objetivo é mostrar os feitos do governo. O presidente tem repetido que o primeiro ano foi de “reconstrução e plantação” e que, a partir de agora, está “começando a colher”. As entrevistas viriam para disseminar isso.
Na avaliação do Planalto, a estratégia funcionou inicialmente, mas as repercussões começam a preocupar. Membros da administração avaliam que as declarações têm repercutido e pautado o noticiário, mas, por outro lado, as sucessivas ‘brigas’ com o mercado têm gerado um efeito negativo para a imagem do governo.
Auxiliares de Lula defendem o presidente no conteúdo, mas admitem o problema na forma. Dizem que ele tem razão nas críticas aos juros altos, por exemplo, mas reconhecem que a forma belicosa, principalmente contra Roberto Campos Neto, tem causado ruídos e trazido prejuízos.