Entre as 40 principais economias globais, o Brasil apresentou a maior taxa de juros reais no último mês, com 7,4%. Na sequência, aparecem Chile e Hong Kong que registraram os percentuais de, respectivamente, 5,5% e 4,7%. Os dados são fruto do levantamento realizado pela gestora Infinity Asset Management e correspondem ao período de fevereiro deste ano.
De acordo com a Instituição, esta é a quarta vez que o Brasil se mantém na dianteira dos juros reais globais. O ranking é renovado anualmente a cada reunião do Copom e os encontros são realizados a cada 45 dias com o presidente e os diretores do Banco Central para definir a taxa Selic.
Os juros reais correspondem à taxa de juros corrente descontada a inflação. O percentual alcançado pelo Brasil veio depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a Selic em 13,75%, o maior nível desde 2016.
Segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, em entrevista à reportagem publicada pela CNN Brasil, a permanência da taxa de juros não vem como resultado da política monetária e inflação, mas de um “efeito de deterioração de expectativas” que o governo precisa gerenciar.
A visão é partilhada pelo comentarista de Economia da CNN, Aod Cunha, para quem as sinalizações do governo são importantes para facilitar o trabalho do Banco Central e reduzir a taxa Selic. Para o economista, algo que ajudaria a dar início ao arrefecimento da taxa seria uma política fiscal clara.
Isso porque, esclarece Cunha, o Brasil precisa de uma política fiscal objetiva capaz não apenas de manter uma meta para o controle da dívida, mas também do crescimento do gasto público. A partir disso, defende, será possível abrir espaço natural para uma redução da taxa de juros.
Em sua última reunião, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), órgão do Banco Central, destacou a questão dos juros no país na avaliação do cenário econômico e financeiro. O Comef apontou que houve desaceleração no ritmo de concessão de crédito tanto para empresas como para o consumidor pessoa física.
O dinheiro mais caro, com juros subindo para o cliente, diz o Comitê, apesar de a taxa Selic está estacionada desde agosto do ano passado em 13,75%, também faz com que as instituições fiquem mais criteriosas para a concessão de crédito.
*Com informações da CNN Brasil