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Chamado de ‘ministro’, Haddad discursa e bolsa cai

  • Economia

Cotado para assumir o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad já foi tratado como o comandante de uma das cadeiras mais importantes no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o almoço organizado nesta sexta-feira, 25, pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) que reuniu cerca de 350 pessoas na capital paulista, incluindo os principais nomes do setor bancário brasileiro. O ex-prefeito de São Paulo falou em reforma tributária, mas disse que agenda econômica está na cabeça de Lula. Declaração fez bolsa cair 2,55% e dólar atingir R$ 5,41.

O encontro começou às 11h, mas os presidentes dos bancos se reuniram em um espaço separado, à espera de Haddad, que se uniu ao grupo um pouco antes do meio-dia. Pouco depois disso, todos os executivos se sentaram à mesa. À frente de Haddad se sentou o presidente do Bradesco e da Febraban, Octávio de Lazari Jr.

Ao lado esquerdo do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo sentou-se o presidente executivo da Febraban, Isac Sidney, e à sua direita André Esteves, fundador do BTG Pactual. Oficialmente, Haddad veio representando o presidente eleito. Ainda no encontro está presente o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

No momento em que chegou à mesa, Haddad foi cumprimentado por uma série de executivos. A expectativa geral era de que o ex-ministro desse indicações sobre a situação fiscal do País e sinalizações do que se poderia esperar do futuro governo para a economia.

Durante os 29 minutos em que se apresentou aos dirigentes bancários, Haddad repetiu chavões de campanha e apesar de ter falado em reforma tributária como “prioridade total” do governo eleito, trouxe pouco, ou quase nenhum elemento que contribuísse para a discussão econômica. Na verdade, até dedicou boa parte da fala para endereçar a necessidade de uma melhora na gestão da educação brasileira, lembrando da passagem como ministro da Educação nos anos de 2005 a 2012. “Quero crer que o presidente está com uma agenda pronta na cabeça, para começar 1º de janeiro com uma boa equipe”, resumiu Haddad, que acompanhou o presidente eleito durante as viagens para o Egito e Portugal e tem sido apontado como uma das personalidades políticas mais próximas a Lula recentemente.

O presidente do BC chegou a chamar Haddad de ministro, causando surpresa entre o público. Em seu discurso, Sidney afirmou que se espera para a economia, de modo a se atrair investimentos ao País, que o Brasil volte a ter previsibilidade, incluindo “estabilidade macroeconômica” e destacou a necessidade de inflação baixa.

Disse ainda que, em 2023, seria importante que o Brasil se debruçasse sobre a reforma tributária. “Temos que por fim a um modelo tributário falido”, disse. “O que os bancos querem é uma economia saudável”. Em mensagem direta ao governo eleito, Sidney disse que os bancos são favoráveis à distribuição de renda, mas que é preciso que o País cresça para sustentar políticas sociais.

O encontro da Febraban ocorre todos os finais de ano, e voltou a ser presencial pela primeira vez desde 2019.

A proposta que estaria sendo aventada seria Haddad assumir a Fazenda, ao passo que o economista Persio Arida, que também faz parte do grupo de transição, ocupe o Planejamento, em uma espécie de dobradinha, em uma cisão do Ministério de Economia criada pelo governo de Jair Bolsonaro e ocupada pelos últimos quatro anos por Paulo Guedes.

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