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Editorial afirma que Governo Federal acerta ao mobilizar Força Nacional em vez do Exército para conter ataques no RN

Ao longo dos últimos dias, o cenário de atos criminosos que chegou aos 300 ataques a mais de 20 cidades, até a última terça-feira 21, tomou parte do noticiário local e nacional. Nos últimos dias, tropas da Força Nacional e de polícias de estados vizinhos, como Ceará e Paraíba, chegaram para reforçar a segurança no estado. Os atos criminosos causaram movimentação na classe política. o senador Styvenson Valentim apresentou um requerimento solicitando o envio das Forças Armadas ao estado, por meio de uma missão de Garantia da Lei e da Ordem, no entanto, o ministro da Justiça, Flávio Dino, ponderou que o emprego de militares deve ser visto como uma medida extrema, para situações de colapso das demais tropas de segurança, o que não era o caso. A medida do ministro foi vista como um acerto pelo Editorial do jornal Folha De São Paulo, desta terça-feira 23.

Segundo o editorial, os incêndios a veículos, depredação de patrimônio público e privado, causaram medo na população a ponto de prejudicar a rotina, com suspensão de aulas e paralisação de diversos serviços. No editorial, a causa dos ataques é apontada como uma aliança entre facções criminosas, que buscavam reivindicar mudanças nas condições carcerárias do estado.

Ainda conforme o posicionamento do jornal, inspeções realizadas no final do ano passado identificaram práticas de tortura contra detentos em prisões do Rio Grande do Norte, além de um déficit de mais de mil vagas no sistema prisional. No artigo, o veículo defende que mesmo com a confirmação, a atuação considerada bárbara não é justificada e a saída que resta ao estado é a de contra-atacar com firmeza e velocidade, a fim de restabelecer a ordem pública o quanto antes e assegurar a punição dos responsáveis.

Leia o Editorial na íntegra:

Um rastro de terror se espalhou pelo Rio Grande do Norte ao longo da última semana, quando criminosos perpetraram perto de 300 ataques indiscriminados em mais de 20 cidades potiguares.

A onda de violência, que incluiu investidas incendiárias contra veículos, depredação de patrimônio público e privado e disparos de tiros ao léu, instilou medo na população dentro de suas próprias casas e prejudicou as rotinas municipais, com suspensão de aulas e paralisação de diversos serviços.

Seria, segundo o Ministério Público, o fruto podre de uma aliança entre facções criminosas para reivindicar mudanças nas condições carcerárias do estado. De fato, inspeção realizada no fim do ano passado identificou a prática de tortura contra detentos em prisões potiguares, para nada dizer do déficit de mais de mil vagas no sistema.

Ainda que se confirme a hipótese da Promotoria, ela não justifica areação bárbara dos facínoras — e ao Estado não resta opção senão contra-atacar com firmeza e velocidade, a fim de restabelecer a ordem pública o quanto antes e assegurar a punição dos responsáveis.

Foi decerto no afã de realizar esse desiderato que o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) apresentou um requerimento cobrando o envio das Forças Armadas ao Rio Grande do Norte, por meio de uma missão de Garantia da Lei e da Ordem —a famigerada GLO. O pedido, no entanto, encontrou a objeção de Flávio Dino. Com razão, o ministro da Justiça ponderou que o emprego de fardados deve ser visto como espécie de remédio extremo para situações de colapso das demais tropas de segurança, o que está longe de ser o caso.

As Forças Armadas, vale lembrar, não têm vocação para cuidar da segurança pública. Utilizá-las amiúde no papel de polícia representa um duplo risco: o de abusos contra civis e o de cooptação de militares pelas facções criminosas. Recorrer à Força Nacional, como fez Dino, é a melhor solução para episódios como esse. Composta sobretudo por policiais estaduais, a tropa tem mais expertise no trato de questões urbanas.

De acordo com o ministro da Justiça, o reforço federal montou a mais de 700 agentes. Além disso, pelo menos dez detentos foram deslocados para presídios federais. As iniciativas devem bastar para devolver a paz às ruas potiguares e para apertar o cerco sobre os líderes que, estando dentro ou fora do cárcere, ordenaram os ataques.

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