As estatais brasileiras tiveram queda de R$ 179,2 bilhões no valor de mercado entre o final de outubro e dezembro de 2022 e fecharam o ano valendo R$ 547,7 bilhões, segundo um levantamento feito pela plataforma TradeMap. Para efeito comparativo, no dia 21 de outubro, a consolidação dos números apontou recorde no valor de mercado das estatais – de R$ 726,9 bilhões. A queda entre outubro e dezembro, portanto, é de 24,65%. Além disso, na última segunda-feira (2), data do primeiro pregão de 2023, as cinco principais estatais brasileiras perderam juntas R$ 31,8 bilhões.
As perdas coincidem com o período pós-eleição de 2022, que garantiu a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. No primeiro dia de pregão do ano, conforme levantamento feito pela TradeMap, o impacto mais expressivo foi sentido na Petrobras. A empresa perdeu, sozinha, R$ 22,8 bilhões na segunda-feira (recuo de R$ 345,8 bilhões para R$ 323,2 bilhões). No mesmo dia, as ações da estatal encerraram com queda de 6,45%.
Nesta quarta-feira (4), as ações da empresa (PETR4) subiram 3,18%. Na segunda-feira, além da Petrobras, o Banco do Brasil teve perdas de R$ 4,3 bilhões (declínio de R$ 99.107 bilhões em 31 de dezembro para R$ 94.826 bilhões em de janeiro). Já a Eletrobras perdeu R$ 3,5 bilhões (de R$ 97.238 para R$ 93.81 milhões). Caixa Seguridade e BB Seguridade também apresentaram recuo no valor de mercado – de R$ 690 milhões e R$ 639 milhões, respetivamente.
Caixa Seguridade recuou de R$ 25.05 bilhões para R$ 24.36 bilhões, enquanto BB Seguridade declinou de R$ 67.31 bilhões para R$ 66.671 bilhões. Todos os dados são da TradeMaps. Ainda de acordo com a plataforma, desde a eleição de Lula, no final de outubro do ano passado, a Bolsa caiu 9,1%. O valor da perda de todas as 400 empresas com capital aberto listadas na B3 foi de R$ 546,2 bilhões. Em 28 de outubro, última sexta-feira antes da realização do segundo turno das eleições de 2022, o conjunto de todas essas empresas valia R$ 4,377 trilhões.
No pregão da terça-feira (3), o valor havia caído para R$ 3,831 trilhões. Já na tarde desta quarta-feira (4), além da boa performance das ações da Petrobras, o Ibovespa também fechou em alta (1,12%). O desempenho desta quarta-feira é pouco convincente. Conforme Luiz Souza, especialista em renda variável da SVN Investimentos, apesar do movimento do índice Bovespa e da tentativa de devolução dos ganhos recentes nos juros futuros, o cenário de aumento de risco fiscal no Brasil prossegue, após os primeiros sinais do novo governo.
“Teve a prorrogação das desonerações tributárias dos combustíveis e o Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, ‘passando por cima’ do Fernando Haddad, ministro da Fazenda”, diz. Em meio à falta de certezas, não se pode descartar instabilidade. Segundo Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3, é preciso esperar para saber como de fato será o novo Governo.
Enquanto isso, ele considera natural o comportamento do Ibovespa neste começo de 2023, dadas as incertezas típicas de início de ano e ainda mais por se tratar do começo de um novo Governo. “Temos visto uma volatilidade normal para o período. Com um nível de negócios menor, qualquer fala de integrantes do Governo ou anúncios de quem fará parte desta gestão acaba tendo um peso significativo neste momento. Ainda não sabemos qual de fato será a direção a ser tomada”, avalia Neves.