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Novo Ensino Médio impõe desafios à educação pública

  • Educação

A partir de 2022, o Ensino Médio sofrerá mudanças em todas as escolas do País, passando a oferecer a modalidade de ensino que desobriga o estudo de alguns componentes curriculares e direcionando para a formação técnica e profissional. Contudo, também poderá se tornar mais um desafio para garantir ensino público de qualidade aos jovens porque nem todas as escolas poderão oferecer os cinco itinerários de formação previstos que consistem em linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional. Esses itinerários começam a ser ofertados em 2022, mas só serão obrigatórios a partir de 2023.

O secretário estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC/RN), Getúlio Marques, diz que há um equívoco na interpretação do oferecimento dos cinco itinerários. “O aluno poderá escolher dentre aqueles que a escola oferecer. Acho que em nenhum estado todas as escolas ofertarão os cinco.
Cada município tem que ofertar pelo menos dois. Temos 133 cidades que só têm uma escola de Ensino Médio e não tem como oferecer tudo numa só. Vamos oferecer, pelo menos, dois em cada município”, disse ele.
Segundo o secretário, municípios maiores que tiverem escolas maiores poderão ter uma diversidade maior e em diferentes escolas. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, componentes curriculares como geografia, filosofia, sociologia, história, biologia, física e química deixam de ser obrigatórios e passam a ser estudadas no novo Ensino Médio a partir das demandas dos alunos. Somente as disciplinas de matemática, língua portuguesa e inglês deverão ser trabalhadas obrigatoriamente ao longo dos três anos.
Os estudantes que não optarem por nenhuma das quatro áreas do conhecimento poderão ingressar na formação técnica e profissional diretamente. O itinerário alternativo tem a proposta de desenvolver programas educacionais para promover a qualificação profissional dos estudantes de forma efetiva visando a atuação no mercado de trabalho sem necessariamente passar por uma universidade. De acordo com as diretrizes do MEC, neste módulo são levadas em consideração ainda o contexto local e as possibilidades de oferta de projetos de vida e carreira.

A rede de ensino estadual do RN tem 588 escolas em todos os 167 municípios potiguares, conforme dados do Censo Escolar 2020. Além dos 22 institutos federais (IFRNs), a rede estadual mantém nove centros de educação profissional, com previsão de expansão para 23 unidades de ensino técnico até o fim de 2022, a partir da construção de 12 novas escolas, chamadas de Instituto Estadual do RN (IERN).
Novo modelo deve ampliar oportunidadesO presidente do Sistema Fecomércio/RN, Marcelo Queiroz, defende que o novo ensino médio vai ampliar as oportunidades para a juventude. “Entendo que o novo ensino médio vem com uma proposta de aproximar o ensino profissional do ensino regular, ampliando as possibilidades dos nossos jovens.  A implementação devida dessa proposta certamente trará ganhos”, destacou.
A Fecomércio executa um dos braços do Sistema S através do Serviço Social do Comércio (Sesc) e dentro do Sistema S as escolas também precisarão aderir à nova formação do segundo grau.
Nas Escolas do Sesi (Serviço Social da Indústria), por exemplo, as equipes de educação já estão passando por capacitações que apresentaram novas formas de trabalho pedagógico, promovendo uma reflexão sobre os novos contextos dos processos de aprendizagem e a necessidade de adequação da prática docente para esta mudanças de cenários.
O Sesi e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) têm trabalhado juntos com turmas piloto, no contexto de implantação do novo ensino médio, propiciando além do ensino regular um curso profissionalizante aos alunos que dele fazem parte. “As turmas têm demonstrado boa evolução, considerando que já partem de um ensino com qualidade para, principalmente, português e matemática, disciplinas cruciais para as áreas que atuamos e que em condições normais muitas vezes precisamos fazer nivelamento de conhecimentos. A expectativa, a depender das orientações do Departamento Nacional e normas federais, é que aumentemos esta demanda nos próximos anos”, explicou o diretor regional do Senai-RN, Emerson Batista.

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