O Rio Grande do Norte fechou o mês de março e o primeiro trimestre deste ano com saldo negativo na criação de empregos formais. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que 1.069 postos de trabalho foram eliminados em solo potiguar no terceiro mês do ano. O acumulado em 2022 também segue a mesma tendência, com saldo negativo de 2.157 empregos. Os números foram divulgados nesta terça-feira (28) pelo Ministério do Trabalho e Previdência.
O indicador é resultado da diferença entre 14.501 admissões e 15.570 desligamentos, sendo o segundo mês que o estado fecha no negativo este ano, ao lado de janeiro. Para efeito de comparação, o cenário é pior do que no mesmo período do ano passado, quando, mesmo em meio ao que foi considerado o ápice da pandemia da Covid-19, o estado conseguiu fechar o terceiro mês de 2021 com saldo positivo de 1.218 empregos formais (16.701 contratações e 15.483 desligamentos). Entre os estados, além do RN, apenas Pernambuco, Sergipe e Alagoas registraram saldos negativos.
O patamar negativo se deu, em grande parte, pelo desempenho do trabalho na agropecuária. O número de desligamentos na área (2.371) foi dez vezes maior do que de contratações (225), o que acarretou num saldo negativo de 2.146 postos de trabalho a menos somente no setor. O quadro no agro potiguar repete-se como uma tendência nacional, com o cenário negativo sendo registrado nas cinco regiões do país.
Para o diretor superindentente do Sebrae-RN, Zeca Melo, o resultado mensal do quadro de empregos do estado já é esperado pelo setor econômico. “Nos últimos dez anos, com exceção de 2021, sempre registramos um saldo negativo em março. A situação se dá, principalmente, pela força da safra do melão, que serão empregos recuperados entre julho e agosto”, comentou Melo.
O panorama do agro foi compensado pelos demais segmentos, todos com saldo positivo. O RN registrou uma criação de 329 novos postos de emprego formal no segmento de comércio, 451 na construção civil, 38 na indústria e 291 no setor de serviços.
O gestor do Sebrae-RN ponderou sobre o papel das pequenas e microempresas no saldo dos postos de trabalho. “O setor apresentou um quadro positivo, mostrando a necessidade de se ter um apoio maior”, apontou ele.
O município potiguar com maior diferença entre contratações e desligamentos, em números absolutos do trimestre, foi Baía Formosa. A cidade do Litoral Sul potiguar registrou 57 admissões e 1.520 desligamentos, resultando em saldo negativo de 1.463 postos de trabalho. O top 3 negativo dos primeiros meses do ano é integrado ainda por Apodi (-999 postos de emprego) e Baraúna (-578). Na contramão, o destaque ficou com Tibau do Sul, que alcançou um saldo positivo de 195 postos de emprego, Lagoa Nova, com outros 296 postos e a capital Natal, com saldo positivo de 1.195 empregos formais.
Nacional
O patamar verificado no RN e em mais três estados do Nordeste não foi suficiente para influenciar negativamente o cenário nacional. O Brasil continuou em um patamar positivo na criação de empregos, apesar de registrar desaceleração. Após a criação de 329.404 vagas em fevereiro (dado revisado nesta quinta-feira), o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 136.189 carteiras assinadas em março. Em março de 2021, houve abertura de 153.431 vagas com carteira assinada. O resultado do mês passado decorreu de 1,953 milhão de admissões e 1,817 milhão de demissões.
No acumulado dos três primeiros meses de 2022, o saldo do Caged é positivo em 615.173 vagas. A abertura líquida de 136.189 vagas de trabalho com carteira assinada em março foi novamente puxada pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 111.513 postos, seguido pela construção civil, que abriu 25.059 vagas. Já a indústria geral criou 15.260 postos com carteira assinada em março, enquanto houve um saldo de 352 contratações no comércio. Por outro lado, na agropecuária foram fechadas 15.995 vagas no mês.
Durante a apresentação dos dados à imprensa, o ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, destacou que “é o terceiro mês consecutivo que verificamos crescimento na criação de novos empregos e o acumulado do trimestre – mais de 615 mil novos empregos – nos permite sonhar, que o acumulado até o final do ano será superior aquele que tínhamos programado inicialmente, que era de um milhão de novos empregos.
De acordo com o secretário de trabalho da pasta, Luís Felipe Batista de Oliveira, a modalidade de contrato intermitente não foi muito afetada pela pandemia. “Ao contrário, devido as suas próprias características de exercício sem um caráter contínuo, permitiu ao trabalhador uma fonte de renda concomitante a uma menor chance de desligá-lo, a partir de eventuais reduções da atividade produtiva da empresa, verificadas em ondas diferentes nesse período”.