O professor do Departamento de Física da UFRN, José Dias do Nascimento Júnior, aponta que os índices de contaminação e solicitações de leitos covid-19 no Estado pioraram após a normalização de eventos com grandes públicos, dentre eles o Carnatal. Membro do Comitê Científico do Nordeste e responsável pelos gráficos e projeções relacionados à pandemia, o professor José Dias diz ser ‘evidente que uma doença de contágio respiratório seja facilmente transmitida com o aumento da aglomeração de pessoas’.
Utilizando o método Mosaic/UFRN, o pesquisador aponta que a tendência de queda dos números de internações e casos graves de covid-19 no Rio Grande do Norte foi comprometida cerca de 15 dias após a realização do Carnatal, tradicional micareta que reuniu, na edição de 2021, por volta de 15 mil foliões. Embora a organização exigisse passaporte de vacina, alguns relatos e publicações nas redes sociais mostravam que era fácil burlar a regra; além de ser facilmente identificável a não utilização de máscaras de proteção e o distanciamento social.
“Percebemos que o Carnatal 2021 modificou a tendência de queda que fora observada de forma consistente no início do mês de dezembro de 2021, e contribuiu no sentido de prejudicar a capacidade de atendimento nas urgências”, disse o professor e pesquisador da UFRN.
Ainda de acordo com os gráficos elaborados pelo docente, a média móvel de solicitações de leitos covid-19 subiu para 32 internações após 15 dias o Carnatal, contra 22 solicitações no mês de novembro.
“Junte-se a isso uma mistura de variantes, atraso nos testes, apagão de dados e vacinação e a questão se torna bem complexa. Publicamos antes do Carnatal nosso posicionamento, onde mostramos que insistir na festa traria resultados negativos, e aqui temos a confirmação das nossas suspeitas”, continuou.
Fonte: Agência Saiba mais