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Após novo atraso, Linha Roxa ainda não tem data para operar

  • Cidades

Prevista inicialmente para ser concluída em fevereiro de 2022, a Linha Roxa, que conta com três estações de trem que vão contemplar moradores de Extremoz e São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal, ainda não tem data para entrar em operação. Em julho do ano passado, a Companha Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) informou que analisava se todos os pontos do contrato haviam sido cumpridos após a empresa responsável ter feito a entrega provisória da obra. Desta vez, a CBTU afirmou que as fortes chuvas que atingiram a Grande Natal em 2023, provocaram “incidentes” e que “não há prazo para a inauguração” do ramal.


Nesta quinta-feira (4), a TRIBUNA DO NORTE retornou às duas estações visitadas em julho de 2023 (a BR-101 Norte e a Jardim Petrópolis, em São Gonçalo). A exemplo do que foi constatado anteriormente, os dois equipamentos estão aparentemente prontos para uso e contam agora, diferentemente de antes, com segurança. A reportagem apurou que testes já foram realizados nas estações no ano passado. A CBTU disse que notificou a empresa executora das obras sobre os incidentes causados pela chuva e confirmou a ocorrência dos testes.


Segundo a Companhia, as chuvas provocaram o “carreamento de material na drenagem da via”. Os testes, aponta a CBTU, foram realizados em agosto passado. “Somente após o levantamento de todos os dados técnicos e realização de todos os serviços necessários para a recuperação do trecho, pela empresa responsável, é que será estipulado um prazo para o início da operação. Sobre os testes, ressaltamos que foram realizados antes do período chuvoso e que foram pré-requisitos para o recebimento da obra pela diretoria técnica da Administração Central”, explicou a CBTU.


A ampliação da malha ferroviária da Grande Natal, com a construção da Linha Roxa, inclui três estações ao longo da BR-101 Norte. No trecho, a nova linha férrea se liga à antiga, entre a Estação Nordelândia e Extremoz. A estação da BR-101/Norte, portanto, será o início da Linha Roxa e funcionará como uma plataforma de transferência, tanto para descida de passageiros que vêm de Natal ou Extremoz e seguirão para as estações da Guararapes e Vicunha, na divisa da zona Norte da capital potiguar com o município de São Gonçalo do Amarante, como também o inverso.


A construção da Linha Roxa teve início em setembro de 2021. Com aporte de R$ 18,7 milhões do Governo Federal, o empreendimento contempla a instalação de 4,1 quilômetros de trilhos e a construção das estações. A previsão é que 2 mil pessoas sejam atendidas diariamente pelo ramal. Enquanto a operação não começa, usuários do transporte público sofrem com a precariedade do sistema de ônibus coletivo e com a dificuldade de locomoção pela região.


“A falta de trem atrapalha porque a gente tem pouca oferta de ônibus e muita demora nas paradas. Sem contar que os coletivos estão sempre muito cheios e a passagem é cara demais. O trem ajudaria bastante. Fiquei sabendo que houve os testes, mas até agora nada de funcionar”, reclama Degmar Dias, de 60 anos. Maria Zuleide Barros, de 68, diz que aos finais de semana o deslocamento é ainda mais crítico.


“A situação é muito ruim. O trem ia ajudar as pessoas que gostam desse tipo de transporte e, com isso, os ônibus iam andar menos cheios. A linha 120, que é a que eu mais uso, está sempre lotada, principalmente de manhã cedo. Às vezes, o coletivo nem para”, relata a idosa. Elenilson Moura, de 45 anos, conta que mudou-se por causa das dificuldades de transporte onde ele morava, na região da Guararapes.


“Fui para o Centro de Extremoz. A situação de ônibus aqui é bem complicada e se deslocar para qualquer lugar é difícil”, relatou ao criticar a ausência do trem. “Acho um atraso essas estações sem funcionamento. Já que elas aparentemente foram concluídas, poderiam servir à população”, disse ele enquanto aguardava um ônibus para voltar para casa após um teste de trabalho na Guararapes.

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