Nos últimos dias o país tem acompanhado as notícias sobre o estado de saúde do cantor sertanejo Zé Neto, dupla de Cristiano. O artista foi diagnosticado com candidíase oral após fazer uso de medicamentos com corticoide para tratar problemas de pulmão causados pela Covid-19 e pelo uso de cigarros eletrônicos.
O acontecimento ligou um alerta sobre a disseminação no uso do Vape, como é conhecido o cigarro eletrônico, entre jovens e adolescentes no Brasil. O uso desse tipo de objeto tem se tornado cada vez mais comum entre os mais jovens com o marketing feito através das redes sociais por famosos e digital influencers.
No Brasil, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda, a importação e a propaganda dos dispositivos eletrônicos destinados ao fumo. A resolução foi criada com o apoio de médicos e especialistas com os argumentos de que o Vape possui uma grande quantidade de substâncias, que inclui uma quantidade considerável de nicotina, o que aumenta os riscos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e impotência – além das doenças pulmonares, que através de uma inflação aguda conduz uma alteração no órgão conhecida como ‘vidro fosco’.
Além disso, uma pesquisa feita pelas universidades da Califórnia e Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que os usuários desse tipo de dispositivo têm até sete vezes mais chances de contrair a Covid-19. O risco de câncer de pulmão também é real.
Por causa do número de mortes e doenças causadas entre os norte-americanos, o país classificou o Vape como epidemia. Só no ano de 2019 foram mais de 2.500 internações e 50 mortes de usuários em função de problemas pulmonares.
Em maio deste ano, um estudo feito por pesquisadores da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) constatou que muitas pessoas que nunca tinham fumado antes começaram a fumar o cigarro eletrônico e, de uma hora pra outra, passaram a experimentar e fazer uso contínuo do cigarro comum, o que foge da proposta inicial do instrumento eletrônico criado na China há mais de 20 anos com a promessa de ser uma ferramenta menos danosa para ajudar as pessoas a pararem de fumar.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica já divulgou nota afirmando que o risco de fumantes de cigarro eletrônico desenvolverem câncer de pulmão é igual aos que fumam cigarros convencionais, uma vez que os Vapers possuem várias substâncias cancerígenas em sua composição, como informa a médica oncologista Danielli Matias.
“Segundo o INCA, os dispositivos eletrônicos para fumar não são seguros e possuem substâncias tóxicas além da nicotina. Mesmo com nova embalagem, as “vaporizadas” a longo prazo podem causar diferentes processos inflamatórios, prejudicando os mecanismos de defesa do organismo e tornando as pessoas mais propensas a infecções respiratórias”, alerta a médica.