O ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Neri Geller afirmou que a decisão do governo federal de importar até 1 milhão de toneladas de arroz beneficiado por meio de leilões de compra pública foi tomada pela Casa Civil.
“As decisões do arroz foram tomadas no âmbito técnico da Casa Civil porque eram decisões tomadas com base nas enchentes do Rio Grande do Sul. Havia um colegiado com a Secretaria de Assuntos Jurídicos, com Ministério do Desenvolvimento Agrário, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Ministério da Agricultura”, disse Geller, na terça-feira, 18, durante audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. “Nunca falei que a decisão de importar arroz tenha sido do ministro (Fávaro)”, acrescentou.
O leilão é contestado pelo setor produtivo e parlamentares da oposição ao governo federal.
Geller foi exonerado da pasta na semana passada após denúncias de irregularidades no leilão de compra pública de arroz importado pelo governo federal e suspeitas de tráfico de influência e conflito de interesses.
A demissão ocorreu após vir a público ligação de Geller a um dos principais intermediários do certame público, Robson Luiz de Almeida França, presidente da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e sócio proprietário da Foco Corretora. Além de ex-assessor de Geller na Câmara dos Deputados, França é sócio em outra empresa do filho de Geller, Marcello Geller. O ex-secretário e ex-deputado federal nega qualquer favorecimento a França ou envolvimento do filho no certame público.
Geller relatou que, como secretário de Política Agrícola, orientou ao governo pela não realização da compra pública do cereal, mas foi “voto vencido” nas discussões técnicas.