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MPF pede que licença da engorda não seja liberada sem consulta a comunidades afetadas pela obra

  • Justiça

O Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta quinta-feira (18) que a engorda da Praia de Ponta Negra não seja liberada sem que a Prefeitura do Natal comprove que realizou uma “consulta prévia, livre e informada” às comunidades que podem ser afetadas pela obra.

A recomendação foi assinada pelo procurador Daniel Fontenele Sampaio Rocha e é endereçada ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), que é responsável pelo licenciamento ambiental da obra.

Segundo o MPF, a consulta deve ocorrer com base na Convenção 169 da OIT, que traz regras específicas para que a consulta aconteça. Na recomendação, o procurador estabelece que “consulta prévia é um direito fundamental das comunidades tradicionais” e “não se confunde com reuniões meramente informativas ou audiências públicas”.

A comprovação de que a consulta ocorreu é uma das exigências que vêm sendo apresentadas pelo Idema para não liberar a obra da engorda de Ponta Negra. A prefeitura, por sua vez, tem alegado que realizou audiências com a população que será afetada pela obra, porém não tem comprovado que adotou as regras da OIT 169 – cobradas agora pelo MPF.

Como mostrou a 98 FM, na última segunda-feira (15), a Federação dos Pescadores Artesanais do Rio Grande do Norte (Fepern) informou que pediu acesso aos autos do processo da obra alegando que a comunidade não foi ouvida sobre a engorda.

“Temos sido procuradoras pelos pescadores da Vila de Ponta Negra, preocupados com os impactos que a obra poderá ter na atividade pesqueira. É importante dizer que, até o presente momento, nem a Fepern e nem a colônia de pescadores de Natal foram consultadas ou oficiadas por nenhum órgão interessado na engorda, o que é muito preocupante”, afirmou José Francisco dos Santos, presidente da Federação.

O que é a engorda

A engorda de Ponta Negra consiste no alargamento na faixa de areia da praia, com até 50 metros na maré cheia e 100 metros na maré seca. A intervenção é considerada fundamental para frear o processo de erosão que atinge o Morro do Careca.

A engorda será feita a partir de uma retirada de areia submersa trazida de uma jazida em alto mar para Ponta Negra. A obra vai custar mais de R$ 73 milhões e será realizada pelo consórcio formado pelas empresas DTA e AJM.

Em 2023, o Idema emitiu a Licença Prévia, que permitiu a realização dos serviços até aqui.

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