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PF marca depoimento de Bolsonaro em inquérito sobre joias

  • Justiça

A Polícia Federal marcou para a quinta-feira, 5 de abril, o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no inquérito que trata da entrada ilegal de joias no Brasil. Outro integrante do governo que será ouvido é o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

A previsão é de que Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, chegue em Brasília na manhã desta quinta-feira, 30. A informação já foi confirmada por sua assessoria.

O caso das joias tem início nas reportagens publicadas pelo Estadão a partir de 3 de março. Documentos, áudios e mensagens revelam que Bolsonaro atuou pessoalmente para tentar liberar o conjunto de joias e relógio de diamantes avaliado em 3 milhões de euros (cerca de R$ 16,5 milhões) trazidos ao Brasil de forma ilegal para ele e que, segundo seu próprio ex-ministro Bento Albuquerque, seria dado a Michelle Bolsonaro. Ele também acionou três ministérios para forçar a liberação dos itens, além da chefia da Receita Federal e militares.

O presente dado pelo regime saudita acabou apreendido pela Receita no Aeroporto de Guarulhos. Eles estavam na bagagem de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021. Como mostrou a reportagem, foram ao menos oito tentativas para tentar liberar as joias no aeroporto, sem sucesso.

Mesmo sem conseguir reaver o pacote de joias apreendido, a comitiva do ex-ministro de Minas e Energia, que liderava a comitiva que trouxe as joias, em outubro de 2021, não informou que já tinha passado ilegalmente pela alfândega, sem informar que possuía um segundo estojo com joias.

As apurações seguintes revelariam que Bolsonaro recebeu pessoalmente esse segundo pacote de joias da Arábia Saudita que chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro. No estojo estavam um relógio com pulseira em couro, um par de abotoaduras, uma caneta rosa gold, um anel e uma masbaha, uma espécie de rosário islâmico, todos da marca suíça Chopard. Esse jogo chegou a ser estimado em cerca de R$ 400 mil, mas detalhes das joias revelaram que este custa, na realidade, pelo menos R$ 1 milhão.

Inicialmente, Bolsonaro negou a existência de todas as joias. “Estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não pedi e nem recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que eu tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso”, disse.

Estadão teve acesso a documentos oficiais que comprovam que este segundo pacote foi entregue no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República. O recibo indicando que Bolsonaro recebeu as joias de diamantes foi assinado pelo funcionário Rodrigo Carlos do Santos, às 15 horas e 50 minutos, do dia 29 de novembro de 2022. O papel da Documentação Histórica do Palácio do Planalto traz um item no qual questiona se o item foi visualizado por Bolsonaro. A resposta: “sim”.

Bolsonaro requisitou essas joias faltando um mês para encerrar seu mandato e deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos, onde se refugiou desde 30 de dezembro, quando perdeu a eleição para o seu rival Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, as joias teriam ficado por mais de um ano nos cofres do Ministério de Minas e Energia.

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